sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Ponto de ordem: ao Jornal de Angola pelos “delitos de opinião”, no editorial de 29 de julho


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Fonte: www.marcolinomoco.com

Sou leitor diário do Jornal de Angola (JA), quanto mais não seja, por se apresentar como incontornável, como jornal oficial do regime e, diga-se, também por ser de boa qualidade, quando trata de asssuntos que não se relacionem com questões polítco-partidárias de Angola. Neste último aspecto, a maioria dos seus editoriais, são para mim inacitáveis e alguns, na minha opinião, judicialmente processáveis perante a lei e a Constituição.

Hoje estou a referir-me particulamente ao editorial do JA de 29 de Julho, em que se procura confundir a minha situação em relação ao partido MPLA, com a situação dos  últimos problemas do militante da UNITA Mfuka Muzemba, com o seu partido. Por se tratar de simples manipulação política, não considero que seja esta uma questão processável, aliás, processável é afinal a totalidae de uma postura de um jornal público que assume uma linha editorial político-partidária.

A maior parte das minhas posições e ideias, estão escritas e ou gravadas. Não deixam nehuma dúvida, a quem as analise com seriedade, que não se ocupam de criticar o MPLA ou mesmo o Executivo. Elas visam o “regime político real” que temos, cujas práticas não têm nada a ver com com o regime  democrático formalmente proclamado.

Nestas circunstâncias, quando uma filha do Presidente José Eduardo dos Santos é confirmada pelo próprio JA como multi-milionária em euros,  enquando em Luanda mal temos água e luz, sabe bem o editorialista, que isso não me espanta só a mim, cujas exclamações se vão ouvindo, devido a minha visibilidade pública (apesar do JA, do RNA e TPA não serem permitidos a divulgar as minhas ideias com imparcialidade).

Espanta a maioria esmagadora dos militantes e mesmo dirigentes do MPLA a quem, no meio do sistema de clientelismo apertadamente montado, eu nunca exigiria que fizessem como eu, com as consequências de toda o apartheid político-partidário, económico e, por vezes, social  a que tenho sido sujeito, por causa das minhas posições, em defesa da razoabilidade (porque eu nunca me proclamei santo que não sou, nem a algum político se exige santidade).

O mesmo se diga quando jovens pacíficos manifestantes são torturados e alguns desaparem, e seus carrascos se apresentam, sem consequências, nos meios públicos de comunicação. Estes entre outros factos que têm merecido as minhas observações, com propostas pacíficas  e tão moderadas que já alguns as intitulam de “cobardes”, perante a gravidade do que se passa no país, quanto ao respeito pelas normas e pelas pessoas.

As referências que se fazem no editorial sobre os altos cargos que ocupei no MPLA e nos antigos executivos ou às minhas actividades no exterior por indicação do Presidente dos Santos, que em épocas passadas aceitei, não têm nada a ver com a situação actual. Aqui colocadas, essas referências exprimem o absurdo (para mim, claro!) de que ocupar funções num partido de governo e em alguns dos seus próprios governos, em determinada altura, é comprometer-se para sempre com todas as práticas futuras, mesmo que reprováveis, a todos os títilos. É a ideia abjecta de que não se deve “cuspir no prato em que se comeu”, como se o governo de Angola fosse um “prato” de um dono determinado”.

De resto essas insinuações são de todo em todo miseráveis, pois pretendem colocar indefinidamente o presente em função do passado, numa sitaução em que nunca haveria progresso, em parte alguma do mundo.

Resumindo (não para o editorialista, que sabe muito bem o que se passa, mas para os leitores que se predende manipular), há uma diferença substancial entre o que se passa com o Mfuca que foi suspenso na UNITA onde exerce funções de destaque, aparentemente, por problemas internos no seio do seu partido, e comigo que no seio do MPLA não exerço e nem pretendo exercer, nas circunstâcias actuais, qualquer tipo de actividade. Suspender-me  ou mesmo expulsar-me, “inventando-me alguns crimes que eu tivesse cometido (JA, sic)”, seria aquilo que se chama “chover no molhado”, não me acarretando qualquer tipo de prejuizo adicional.

Minha simpatia e abraço ao Mfuka que não deverá considerar negativas, para si, as referências que aqui faço. Em nenhuma circunstância lhe retiraria a consideração que lhe tenho, desde que o conheço, como pessoa e como político, no âmbito do presente quadro político.
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