sexta-feira, 7 de junho de 2013

"Vamos manter a paz", diz Isaías Samakuva no velório dos malogrados dirigentes da Unita no Kikolo




“Estamos num momento decisivo da nossa história porque estamos a nos aproximar do fim de mais uma ditatura. Quando as ditaduras estão no fim, os ditadores ficam desnorteados e agem como se fossem loucos. Temos de ter cuidado para não cairmos nas suas loucuras.Vamos manter a paz. Ninguém faça justiça por mãos próprias, porque haverá quem fará esta justiça. Ninguém responda à provocações. O que estão a fazer, são provocações”.”Os angolanos não têm qualquer dúvida que os autores destes crimes são os mesmos que fizeram desaparecer Kamulingue e Cassule”.


Discurso de Isaías Samakuva no velório dos malogrados dirigentes da Unita no Kikolo

Prezados compatriotas:

Estamos todos aqui para honrar os nossos dois companheiros, FILIPE CHAKUSSANGA E ANTÓNIO KAMUKO e exprimir a nossa repulsa colectiva pelos seus assassinatos. Os dois eram cidadãos angolanos, chefes de família, homens de Deus, e homens de paz.Não encontramos, por isso, razões que justifiquem o assassínio destes dois companheiros.

A vida humana é o primeiro de todos os bens e de todos os valores que a civilização humana ao longo dos séculos tem defendido. Sem vida, não há liberdade, não há poder, não há riqueza, não há governo. A vida humana não tem Partido nem tem preço e o direito à vida é inviolável. Por isso, ninguém, seja ele quem for, tem o direito de tirar a vida de uma pessoa.

Os assassinatos de Filipe Chakussanga e de António Kamuko, foram ordenados pelos principal inimigo da paz e da estabilidade em Angola e o seu objectivo é perturbar a paz e aterrorizar as pessoas.

A Polícia veio a público dizer que está a fazer buscas no Cacuaco para prender marginais e reduzir o índice de criminalidade. Mas António Kamuco e Filipe Chacussanga não eram marginais. Eles eram homens de paz, que lutavam pela Paz e pela Democracia. Sera que estão a aproveitar-se de um trabalho nobre, para assassinar cidadãos pacíficos, bons chefes de família, que também são activistas políticos e partícipes activos nas suas Igrejas. As instituições do Estado não podem ser utilizadas para violar a lei e cometer crimes, porque senão ninguém respeitará o Estado e, nessa situação, não haverá lei nem ordem pública.

Se quem devia manter a ordem pública, é quem periga a ordem pública, ele torna-se mais criminoso que os bandidos que estão nas cadeias.Os angolanos não têm qualquer dúvida que os autores destes crimes são os mesmos que fizeram desaparecer Kamulingue e Cassule. São os mesmos que se recusam a prestar qualquer informação sobre a situação ou localização desses dois cidadãos.

Angola não pode ficar de braços cruzados perante crimes de tal gravidade, que constituem uma ameaça à paz, à segurança e ao bem-estar dos cidadãos.

Caros compatriotas:
Estamos num momento decisivo da nossa história porque estamos a nos aproximar do fim de mais uma ditatura. Quando as ditaduras estão no fim, os ditadores ficam desnorteados e agem como se fossem loucos. Temos de ter cuidado para não cairmos nas suas loucuras.Vamos manter a paz. Ninguém faça justiça por mãos próprias, porque haverá quem fará esta justiça. Ninguém responda à provocações. O que estão a fazer, são provocações.

Vamos manter a paz! Vamos manter a paz! Manifestemos a NOSSA REPULSA, a nossa total INDIGNAÇÃO contra estes hediondos crimes. 

Digamos aos inimigos da paz que o povo angolano já não cairá na sua ratoeira. Não haverá mais lutas entre angolanos. Não haverá mais Sextas-Feiras sangrentas. Não haverá mais 27 de Maios, nem Cuitos Quanavales. Não cairemos mais nesta ratoeira!

Os inimigos da paz estão identificados. São meia dúzia de pessoas que querem lançar outra vez o país na confusão! Querem lançar os angolanos uns contra os outros. Querem arranjar uma desculpa para fazer novos massacres, para poderem manter-se no poder.

Vamos respeitar a Polícia, porque os agentes da Polícia, são nossos irmãos e irmãs. Eles precisam de nós para se libertarem também daqueles que querem utilizá-los para cometer crimes.

A luta do povo não é contra a Polícia, nem contra os agentes da ordem pública. A luta do povo é contra o crime, contra a corrupção, contra a ditadura!A Polícia é nossa. Deve estar ao serviço dos cidadãos. 

Aqueles que utilizam a Polícia para violar a Lei e assassinar as pessoas, são os verdadeiros criminosos e terão, um dia, de responder pelos seus crimes.Agora é altura de dizermos aos senhores do crime, que não iremos descansar enquanto não os levarmos à justiça. No País ou fora dele.

Estes não são crimes contra a PAZ. Crimes contra a vida. Crimes contra a humanidade. Agora é a altura para mostrarmos também a nossa força e dizermos aos inimigos da paz que a alma do povo angolano não morre. A causa de Filipe e de Kamuko é a causa dos angolanos oprimidos. Esta causa está viva e continuará viva até que o angolanos se libertem.

Aos familiares, aqui fica a expressão dos nossos sentimentos de pesar. Que as suas almas descansem em Paz. Os nossos heróis nunca serão esquecidos.
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