quarta-feira, 19 de junho de 2013

General Numa fala do tipo de líder que Angola precisa


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Fonte: Club-k

Huambo - O PAPEL DAS FUTURAS LIDERANÇAS POLÍTICAS E O LUGAR DA JUVENTUDE NO RESGATE DA MORAL PÚBLICA.

Prelector: Abílio Camalata Numa, General e Deputado da Assembleia Nacional de Angola, pela Bancada Parlamentar da UNITA.

Abílio Camalata Numa, General e Deputado à Assembleia Nacional, especialista em Estratégia e Gestão, esteve no Huambo, a convite do FORDU-Fórum Regional para o Desenvolvimento Universitário, para, no âmbito do programa de debates as sextas-feiras denominadas “ Jango-às-Sextas Feiras” que quinzenalmente reúne em arena, para reflectir sobre a vida da Nação Angolana. Assim, S. Excelência Deputado do Povo, Abílio Camalata Numa foi convidado para fazer uma comunicação subordinada ao tema:

O PAPEL DAS FUTURAS LIDERANÇAS POLÍTICAS E O LUGAR DA JUVENTUDE NO RESGATE DA MORAL PÚBLICA, A PERTINÊNCIA DE UM PATRIOTISMO AUTÓCTONE

De acordo com o Prelector, o tema proposto reflecte o momento actual de Angola, as lideranças actuais em Angola e o contexto de luta em que a juventude está impregnada e engajada.

É quase insignificante a franja da juventude que esteja a lutar em busca de um espaço que é seu, mas já é de todo evidente que essa luta está a produzir um impacto positivo nas práticas, nas políticas, nas ideias e nas crenças, até o conceito de invencibilidade, intocabilidade, impunidade começam a desvanecer-se na poeira do tempo. A prelecção situou-se na máxima segundo a qual, “ as lideranças políticas angolanas têm se forjado a volta das causas políticas que fundamentaram o nacionalismo que tem ditado processos de desenvolvimento político, económico, social e cultural de Angola pré-colonial, colonial e pós-independência”


É evidente que Angola na sua vocação antropológica, sociológica, jurídica e política é um país multicultural, multirracial e multiétnico, mosaico social que corresponde a um contexto multilinguístico, já que cada etnia corresponde a uma língua e por esta, são veiculados usos, costumes, mores, ritos, práticas, políticas, ideias e crenças que distinguem um povo do outro, então a preservação, numa palavra, de culturas da diversidade e da unicidade, no meu País, constitui a riqueza antropológica de Angola que deve prevalecer no tempo e no espaço. Só não é admissível e consensual que as maiorias étnicas sejam subjugadas pelas minorias étnicas e na proposição inversa as maiorias não podem desfrutar malevolamente do seu chauvinismo contra as minorias e para este quadro tem que se encontrar doutrinas, conhecimentos, competências e habilidades para construir equilíbrios e consensos que permitam a busca da realização plena de todos os angolanos em qualquer etnia que se enontre.

Por exemplo, os Estados Unidos da América, entendem tão bem o valor da multiculturalidade, a multirracialidade que deram oportunidade ao descendente de africanos a dirigir a Mega Potência que é EUA, tratando-se, obviamente, do Barack Obama, ao passo que não há indícios de um dia a Rússia ou a China até mesmo Portugal vir a ser dirigidos por um negro ou um mestiço, porque na sua essência a convivência mono- cultural é fundamental, onde o racismo talvez esteja na ordem do dia. Aqui, nesta parte, uma das questões que tem retardado a marcha angolana para uma cidadania efectiva, actuante e feliz para todos é o facto de a cidadania ser substituída pelo partidarismo:

Hoje, não conheço investigação científica sem partidarismo, professores, enfermeiros, juristas, polícias, os militares, os médicos, os empresários, as igrejas, alunos ou qualquer outro ramo profissional grande ou pequeno, tem que estar ancorado no partido governante, pelo menos os Comités de Especialidades passam esta mensagem de forma autenticada. A pergunta ecoa uníssono, imperando urgência de respostas: como é que se chegou a este estádio social discriminatório, criminoso, corrupto que não vê no cidadão o seu ponto de partida e de chegada, mas sim no partidário “yes men” o alicerce primordial de Angola de hoje?

Os primórdios do nacionalismo angolano que culminaram na proclamação da independência, não se fundaram na luta em prol de autóctones mas sim acomodação das elites assimiladas que nas profundezas lutaram para reincarnar o sonho do colono numa era pós-colonial. Pelo menos, este curriculum esteve oculto na criação depois da segunda guerra mundial em Lisboa e Coimbra da Casa dos Estudantes do Império, que nada mais era senão  “o Comité de Especialidade dos Estudantes para serem fidelíssimos aos ideais da Mocidade Portuguesa” que era a juventude portuguesa de manutenção da ditadura salazarista, em que na Angola de hoje, há milhões e milhares de exemplos seguidistas. Lembremos que da CEI, passaram angolanos como Lúcio Lara e Agostinho Neto, Guineense Amílcar Cabral e Moçambicano Marcelino dos Santos. Todo o nacionalista mesmo embrionário  que direcionasse sua luta em prol dos autóctones foi olhado, é olhado e talvez será olhado como tribalista, racista, segregacionista, chauvinista, etc. etc.

O Nacionalismo forjado na CEI era de facto um nacionalismo que trouxe independência às colonias, porém este nacionalismo nimbado nos métodos colonialista é o nacionalismo luso-tropicalista que nada mais tinha senão conquistar o poder mas manter os métodos do colono. Ou seja: independência sim, mas liberdade, transparência, inclusão, probidade, nem pensar! E hoje por hoje tudo se confirma, no actual nacionalismo luso-tropicalista que escraviza cruel os autóctones, não vemos senão a reincarnação e vivificação dos sonhos de uma colonização perpétua, presente, milimetricamente, na governação actual. Para este nacionalismo luso— tropicalista, todo o que luta para um nacionalismo autóctone é rotulado de reacionário, fraccionista, tribalista, racista, arruaceiro, difamador e calunioso, instigador das massas, fomentador de guerras e etc etc., foi assim com Nito Alves, é assim com todos os que são na essência os verdadeiros patriotas actuais.

Se tivermos em conta as crises ardilosamente programadas para os autóctones não se reencontrar desde 1961 até 2013 já lá vão 52 anos. Estas crises de uma união que teima em chegar, um nacionalismo e patriotismo fundados na autoctonia, uma moralidade pública considerada a bandeira mais importante, a prestação de contas e criação de felicidade para os filhos desta rica pátria, então saberemos que não há vontade da actual governação em dar outro rumo ao País, a não ser o descaminho dos sonhos em prol da luso-tropicalista cidadania ou seja uma cidadania alienada dos verdadeiros sonhos dos autóctones.



Falamos de crises que assolam a nossa moralidade pública, crises que ofuscam a inteligência dos dirigentes para tomar decisões mais acertadas e correctas, crises que geram e alimentam a cultura do consumismo e uma sobrevivência apenas para mais um dia, crise que gera a desestruturação das famílias e das instituições, crises que geram a miopia na gestão estratégica dos planos a favor da Nação, uma Nação que se pretende em marcha e afinal, os dirigentes do Governo actual passam a mensagem que está tudo bem! Não há crise! “Estamos sempre a subir!” “Produzir mais e distribuir melhor…!” E era bom que assim fosse. É urgente que os dirigentes deste País, reconheçam, no imediato, que as coisas estão mal e caminham para o pior.

É humildade, o urgentíssimo reconhecimento de que o Estado Autocrático, consequência da revolução do nacionalismo luso-tropicalista, tem fissuras que aprofundam dia a pós dia. Os feitos gloriosos do nacionalismo autóctone dos Bairros de Luanda, do Nambuangongo, dos Dembos, Malanje, Kifangondo, Kwanza-Norte etc evidenciados nas datas de 4 de Fevereiro, 15 de Março de 1961, foram aproveitados pelo nacionalismo luso-tropicalista cujo império cruel se tem construído na base de perseguições, prisões, mortes, exclusões, empobrecimentos e assassinatos dos autóctones de que todos estamos lembrados do genocídio do 27 de Maio de 1977 e que 80.000 angolanos genuínos, pereceram só por tentarem promover o nacionalismo autóctone contra o nacionalismo luso-tropicalista. A luta contra o nacionalismo luso tropicalista cuja bota está ainda no pescoço dos autóctones deve engajar a juventude actual e os líderes políticos de boa vontade para o bem da Nação.

E que quanto mais tardarmos em resolver esta crise, deveras crónica, maiores serão as consequências em termos de desagregação e desintegração social de Angola e por conseguinte a deterioração da vida do cidadão que mais atenção mereceria e porque é ele o dono deste País.

O contexto de delapidação do erário público, a inversão de valores democráticos e a invasão silenciosa de estrangeiros em nosso solo-pátrio.

O nacionalismo luso tropicalista na sua vocação e por definição discriminatório, tem beneficiado e robustecido graças à convergência favorável da crise energética internacional, das políticas paternalistas das democracias ocidentais e regimes orientais (Rússia e China) em detrimento da Agenda de Construção do Estado-Nação de Angola, em detrimento da reconciliação nacional, do aprofundamento do Estado Democrático de Direito. O Nacionalismo Luso-Tropicalista tem beneficiado da crise económica internacional que tem favorecido a emigração massiva de povos invadindo Angola e vulgarizando o conceito de autoctonia.


Esta nova forma de neocolonialismo tem estado a colocar em risco o nosso capital natural, nomeadamente os povos autóctones, a terra, a água doce, as áreas marinhas e com a actual Constituição, o País está entregue ao Presidente da República que de forma discricionária o entrega a quem ele próprio escolher e todos já sabemos a quem ele oferece a Nação: aos estrangeiros, desterrando os autóctones. Este neocolonialismo desterrou o capital financeiro de Angola escondendo-o em vários países do mundo, os famosos paraísos fiscais. A tendência não é animadora, e talvez podemos adivinhar que se não se pôr cobro, imediatamente, até 2040 o País será a seara de rapina de seus recursos, destruindo profunda e sistematicamente os autóctones:

O litoral irá, obviamente crescer em detrimento do interior. A injustiça na distribuição da riqueza será a regra ao invés de excepção. Mais de 60% do PIB angolano estará concentrada em menos de 0,5% do povo angolano ou seja da elite luso tropicalista que corresponde a esta cifra ou um pouco mais como 1% da população de Angola. Mais de 80% de terra arável será controlada pela elite luso tropicalista e seus cúmplices estrangeiros (quase congéneres) que não vai além de 1% do povo angolano; o povo autóctone será mais oprimido, mais analfabeto, mais doente, mais pobre, mais acabrunhado e apoquentado, mais cabisbaixo tal como era a realização do velho sonho colonial de se olhar o angolano autóctone como se de coisa inútil se tratasse. Será que o colono não tinha construído escolas? Hospitais? Estradas? Caminhos de Ferros? Portos? Aeroportos? Cidades?

Obviamente, que o colono construiu e bem! Mas as infraestruturas serviam de lavagem de imagem ontem e hoje, enquanto o curriculum mais sério e oculto é destruir o tecido humano autóctone e no seu lugar nascerem centralidades desumanas e inóspitas! Haverá partidos políticos supostamente da oposição mas estimulados pelo nacionalismo luso tropicalista para vulgarizar a luta dos partidos verdadeiramente nacionalistas e autóctones não subservientes. Se o povo no geral e a juventude em particular não despertar, o País estará à deriva nos próximos longos e duros anos de desespero, numa altura em que a ditadura florescerá intocável. O nacionalismo luso tropicalista tem algemado o Estado de Direito e o acesso à justiça, tornando a impunidade dos criminosos de alta posição como regras e não excepção. Assim, esgotam-se os caminhos que o povo autóctone deveria trilhar em busca da justiça distributiva e social.


AS LIDERANÇAS POLÍTICAS HONESTAS E PATRIOTAS E NO CASO VERTENTE NACIONALISTAS AUTÓCTONES E A JUVENTUDE SÃO ESTRELAS  QUE APONTAM O CAMINHO…


Os nacionalistas luso tropicalistas usam leis violentas contra autóctones e usam a polícia violenta contra autóctones e a violência é o poder repressivo. Este poder só existe onde falta a autoridade que é a aceitação por consentimento e legitimidade. Os nacionalistas autóctones em todas as faixas etárias diante da pesada mão violenta dos Luso tropicalistas, devemos responder com a não-violência e firmeza dos movimentos reivindicativos e desobediência civil generalizada em todos os sectores sociais.

Os nacionalistas luso tropicalistas estão a deteriorar a educação, a saúde, a habitação, a segurança pública, a qualidade de vida, as liberdades, direitos e garantias dos autóctones, a juventude deve se defender usando o incremento de movimentos sociais pro educação cívica, reivindicativos, empreendedores em tempos de emergência, deve se criar observatórios político-sociais vigilantes sobre todas as manobras de delapidação do erário público, estimular o surgimento de activistas cívicos engajados a investigar informalmente as localizações e planos dos esquadrões da morte mascarados na polícia nacional, nas forças armadas, nos Hospitais, nos bares e restaurantes, nos hotéis, nas discotecas, etc; apoiar iniciativas de cantores e pintores revolucionários para a denúncia e difusão de mensagens de união em prol de busca de soluções em tempo de crise ardilosamente projectada em gabinetes.

Perante a inoperância e rendição ao nacionalismo luso tropicalista das instituições republicanas vocacionadas a investigar assuntos económicos, políticos sociais do interesse de todos, nesta crise, deve se estimular o surgimento de instituições informais e não formais alternativas a satisfazer essa parte, para que não haja vazio investigativo que contribua para resgatar os direitos usurpados. Assim, o líder duma Angola de amanhã, um amanhã que não mais se eternize no presente enevoado, deverá:


• Promover a integridade na administração pública e privada;

• O profissionalismo;

•  A capacidade de estimular e atrair novos talentos;

• A criatividade e tirar partido dos recursos existentes em todo o domínio para a construção de uma verdadeira felicidade que se funda no bem comum isto é, bem de todos, para todos e com todos;

• Pagar de forma compatível os funcionários e promover sectores de empregabilidade de rendimento contra os actuais sub-empregos;

• Gerir com transparência e uma gestão orientada aos resultados e impactos no curto, médio e longo prazo de todos, para todos e com todos;

• A prestação de contas que se resume na transparência na gestão da coisa pública ou seja coisa do povo, para o povo e com o povo;

• O combate ferrenho ao nepotismo, ao clientelismo, ao patrimonialismo, a intriga, a conspiração que geraram no contexto do poder dos lusos tropicalista a corrupção endémica;

• Construir um diálogo consensual que equilibre as oportunidades e a justiça distributiva entre as maiorias e as minorias;

• Finalmente as lideranças políticas de amanhã e a juventude que luta em busca de um futuro risonho devem promover a cidadania activa e não o partidarismo doentio e escravizante. Para tal as próximas eleições devem merecer a máxima das seriedades em todos os amanheceres e todos os anoiteceres. Senão todos seremos mais uma vez fadados à miséria de que somos vítimas há 538 anos.
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