Detido à 2 dias, sem
direito à visita de familiares e advogado
Comandante Geral da Polícia Nacional alega desconhecer o caso
Comandante Geral da Polícia Nacional alega desconhecer o caso
Manifestante da Vigília do 27
de Maio Detido e Torturado
Por Maka Angola , maio 30, 2013
Emiliano
Catumbela (na foto), um dos manifestantes da vigília de 27 de Maio abortada
pela Polícia Nacional à bastonada, continua detido e encontra-se na 19ª
Esquadra, unidade no Catintom, Bairro Rocha Pinto, no município de Maianga.
Salvador
Freire, um dos advogados de Emiliano Catumbela, tem tentado avistar-se com ele,
sem sucesso, desde Terça-feira, dia 28. Conseguiu localizá-lo por fim ontem ao
fim da tarde na unidade policial de Catintom, onde o detido foi interrogado,
sem a presença do seu advogado.
Em declarações ao Maka Angola, Salvador
Freire adianta que, até ao momento, continua a ser-lhe negado o acesso ao seu
constituinte.
Emiliano
Catumbela deveria ter sido presente a um juiz ontem, 29 de Maio, sob acusação
de ofensas corporais, com o processo Nº5618/03-02, mas na Procuradoria-Geral da
República (PGR), o magistrado devolveu os autos à Direcção Provincial de
Investigação Criminal (DPIC) de Luanda e não realizou a sessão porque Emiliano
Catumbela não foi enviado pela polícia à audiência juntamente com a nota de
acusação.
“Voltamos
para a DPIC. Nos foi mostrado o processo e o livro de protocolo onde constava
de facto que o Emiliano Catumbela tinha sido entregue à PGR”, disse Salvador
Freire”. Segundo o advogado, estas foram manobras de diversão para impedir o
acesso dos advogados ao detido.
“Ludibriaram-nos, fizeram tudo para que os
advogados não estivessem presentes no interrogatório”, acrescentou.
O advogado
confirmou que num novo processo, Nº2176/2013 da unidade policial do Catintom,
de que teve conhecimento apenas hoje, Emiliano Catumbela é acusado de crime de
tentativa de homicídio.
O queixoso é Eduardo António Nunes Diogo, comandante da
unidade policial da Maianga.
“Inventaram um novo processo. A primeira acusação
foi invalidada e fabricaram uma outra acusação, isso é o que nos constatamos.
[...] Não compreendemos, estamos estupefactos com esta situação”, disse.
Emiliano
Catumbela foi detido uma primeira vez, cerca das 20:00 horas da noite de 27 de
Maio, juntamente com outros dois jovens, Nito Alves e Albano Bingo, no Largo da
Independência, em Luanda, enquanto participava numa vigília pacífica.
Em
declarações ao Maka Angola, Nito Alves explicou que os três foram
detidos por agentes da Polícia Nacional e agredidos à bastonada e ao pontapé e
levados na mesma viatura policial para a 3ª Esquadra, na Vila Alice.
Na unidade
policial, os três jovens foram despidos e de novo torturados pelos agentes
policiais. Foram depois transportados pela polícia para o Bairro do Cazenga,
onde foram libertados.
Os três dirigiram-se de novo ao Largo da Independência,
onde cerca de 30 manifestantes se concentravam, cercados por um forte aparato
policial. Cerca das 22:00 horas, Emiliano Catumbela foi detido pela segunda
vez, quando tentava fugir da investida da polícia, no Largo das Heroínas.
Nito
Alves, que testemunhou a detenção e conseguiu fugir, disse ao Maka Angola
que Emiliano Catumbela foi agredido pela polícia no momento da prisão. “Eu vi
ele a ser espancado”, disse.
Para além de
ainda não ter tido acesso ao advogado constituído pela família, Emiliano
Catumbela terá sido de novo torturado pela polícia. “Essa é a informação que
temos. Não podemos dar garantias, mas é a informação que temos de outros
colegas que estavam junto na cela da PGR. Disseram-nos que ele estavam mal,
tinha escoriações no corpo. Também estava a passar mal porque os familiares não
conseguem levar comida para ele se alimentar. Deve de estar debilitado por
causa da fome e da porrada que levou”, disse Salvador Freire.
Também Nito
Alves, que foi à 19ª Esquadra hoje de manhã e conseguiu ver e chegar à fala com
Emiliano Catumbela, adiantou que o detido tem sido vítima de violência física.
“Ele disse que está com a cara inflamada, o braço, está com muita dor”, disse o
jovem que esteve na sala de interrogatório da esquadra e conseguiu falar com
Emiliano Catumbela, que se encontrava detido numa cela próxima. Nito Alves
conseguiu ver o detido por breves instantes quando passou em frente da cela
onde o companheiro se encontrava detido. “Ele esta’ com o rosto inflamado”,
confirmou.
Incialmente,
o Maka Angola reportou a libertação de
todos os detidos da vigília no dia 27 de Maio em Luanda. A vigília, convocada
pelo Movimento Revolucionário, pretendia assinalar, de forma pacífica, o
aniversário do desaparecimento de dois activistas, Alves Kamulingue e Isaías
Cassule, ocorrido há um ano atrás, e também as milhares de vítimas dos
massacres de 27 de Maio de 1977.
Os participantes da vigília, que se
concentraram a partir das 16:00 horas da tarde de Segunda-feira no Largo da
Independência, foram dispersados à bastonada pela polícia.
Pelo menos oito
pessoas foram detidas, entre os quais Emiliano Catumbela, o único que ainda se
encontra preso. Um dos manifestantes, Raúl Lindo “Mandela”, de 27 anos, foi
brutalmente espancado pela polícia e terá sido depois abandonado, inanimado,
nas imediações da Shoprite.
Agentes da polícia espancando jovens activistas indefesos |
OUTRAS ANOTAÇÕES:
A
Front Line Defenders contactou, por intermédio da sua pesquisadora Marina Lourenço ligando a partir da Irlanda, o Comandante-Geral da Polícia Nacional, Ambrósio de
Lemos, para indagar sobre o tratamento que estará a ser dado ao activista
Emiliano Catumbela. Fê-lo depois de ter sido contactada por nós com o envio de
um S.O.S. tortura. Eis o resultado da conversa:
"Ambrósio disse que não sabe quem é Emiliano Catumbela, e que tanto quanto ele sabe, ninguém foi preso após a vigília. Também disse que não cabia a mim procurar saber se um cidadão está a ser bem tratado ou não, e por fim desligou o telefone e deixou-me a falar sozinha enquanto eu insistia em saber o motivo pelo qual o Emiliano segue detido sem ter acesso ao seu advogado. Ele a certa altura contradisse-se, pois mencionou que haveriam acusações de que o ativista teria atirado pedras à polícia."
Em que ficamos senhor Ambrósio de Lemos?
"Ambrósio disse que não sabe quem é Emiliano Catumbela, e que tanto quanto ele sabe, ninguém foi preso após a vigília. Também disse que não cabia a mim procurar saber se um cidadão está a ser bem tratado ou não, e por fim desligou o telefone e deixou-me a falar sozinha enquanto eu insistia em saber o motivo pelo qual o Emiliano segue detido sem ter acesso ao seu advogado. Ele a certa altura contradisse-se, pois mencionou que haveriam acusações de que o ativista teria atirado pedras à polícia."
Em que ficamos senhor Ambrósio de Lemos?
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Esteve em visita na prisão o
jovem: Alemão
Monstro Imortal que postou:
"Este é o triste quadro.segundo uma presa despensada que contou a nós quando chegamos no local, disse-nos q "vocés estão a procura de um Jovem q está com uma BATINA DE COR PRETA,o mesmo está ensanguentado com o rosto inflamado e uma vista que não está a abrir.é caso para se dizer q temos q nos mantermos aqui até provarmos o contrario se o mano xta ou foi torturado."
"Este é o triste quadro.segundo uma presa despensada que contou a nós quando chegamos no local, disse-nos q "vocés estão a procura de um Jovem q está com uma BATINA DE COR PRETA,o mesmo está ensanguentado com o rosto inflamado e uma vista que não está a abrir.é caso para se dizer q temos q nos mantermos aqui até provarmos o contrario se o mano xta ou foi torturado."
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