Lisboa – A TPA e a TV Zimbo foram flagradas a distorcer dois vídeos das palestras dos 17 presos políticos cujo objetivo principal seria incutir na mente dos telespectadores de que os também conhecidos “revús” receberiam 100 milhões de dólares do exterior para apoiar as suas manifestações contra o longo consulado do Presidente José Eduardo dos Santos (JES).
Fonte: Club-k.net -
Advogados desafiam Juiz a divulgar os vídeos na integra e sem cortes
Os vídeos alvos a cortes de edição foram inicialmente exibidos pelos Ministério Público como elementos de suposta prova contra os presos políticos. Antes da sua apresentação, o Tribunal Provincial de Luanda (TPL) ordenou que os mesmos só seriam gravados e filmados por Jornalistas da TPA e TV Zimbo sem que no entanto explicasse aos jornalistas excluídos das motivações de tal proibição.
De acordo com o conteúdo da versão (não distorcida), que fonte do Club-K teve acesso, o réu Domingos da Cruz, aparece tirando duvidas a uma inquietação da activista Laurinda Gouveia, também arguida no processo. Da Cruz começa por dizer que: “parece que a Laurinda, não entendeu”, e logo a seguir explica aos jovens revolucionários sobre a necessidade de terem uma liderança.
O Professor Domingos da Cruz não era membro do Movimento Revolucionário e em algumas vezes apresentou-se como critico pela forma descoordenada que estes jovens activistas realizam as suas manifestações em Luanda, razão pela qual mostrou-se disponível para se apresentar como orador nas palestras promovidas pelos presos políticos.
No vídeo gravado pela secreta angolana, o professor Domingos da Cruz faz uma suposição (para elucidar que aquele grupo deveria ter um líder). Para sustentar o que dizia, fez uma suposição explicando que se alguém aparecesse a querer dar uma ajuda ao grupo de 100 milhões de dólares, esta pessoa nunca daria tal ajuda a um grupo que não tem alguém que o representa em si. Ainda na sua suposição, o acadêmico questiona-se, dizendo: “acham que iriam entregar a um grupo anárquico?”.
Domingos da Cruz explicou ainda que tais valores “astronômicos” exemplificados, nunca chegariam a Angola porque haveria bloqueio. Deu como exemplo, países como Namíbia e África do Sul que tem sistemas bancários mais evoluídos que os de Angola.
Como a Zimbo e a TPA distorceram os vídeos ?
De acordo com as imagens passadas - comparadas as originais - estas duas cadeias de TV angolana editaram os vídeos e passaram apenas partes cortadas e direcionadas das palavras de Domingos da Cruz. Na sua peça jornalística, a TPA e a Zimbo exibiram passagens como a suposição de “disponibilidades de 100 milhões de dólares para a revolução” ficando-se com a ideia de que os presos políticos receberiam estes valores "astronómicos" do ocidente.
Uma Jornalista da TV Zimbo, Cácia Júnior que nesta quarta-feira, fez apresentação do noticiário daquela televisão angolana, chegou a declarar, depois da exibição do vídeo que “Já aqui mostramos, e que vamos voltar a passar, o vídeo que mostra que o movimento [revolucionário] contava com o financiamento externo de 100 milhões de dólares”.
Porque razão a TPA e a Zimbo distorceram os vídeos ?
De acordo com fontes competentes, o vazamento do vídeo a estas duas cadeias de TV nacional, tratou-se de uma operação coordenada com o Juiz Januário Domingos destinada a incutir na mente das pessoas que os jovens pretendiam mesmo realizar um golpe de Estado e que contavam com apoio de 100 milhões de dólares conforme consta na acusação da PGR, do general João Maria de Sousa.
O Juiz Januário Domingos, segundo constatação recebeu orientações para condenar os presos políticos, e o vazamento propositado do vídeo (posteriormente distorcido) serviu para preparar a sociedade angolana da sentença que ira aplicar.
Os advogados de defesa, solicitaram os vídeos na sua integra – sem os cortes feitos – para serem traduzidos para que se possa fazer uma interpretação honesta dos debates das palestras dos jovens em torno dos livros que discutiam.
Da Cruz e Luaty estupefactos
Neste dia da apresentação do vídeo, Luaty Beirão e Domingos da Cruz ficaram estupefatos pela forma como as autoridades angolanas distorceram os vídeos gravados pelo agente infiltrado.
Por orientação dos seus advogados, os jovens em nenhum momento responderam questões do ministério público em torno dos vídeos por se tratarem de provas gravadas ilegalmente. A constituição angolana não permite que sejam apresentadas em tribunais provas como vídeos, áudios e escutas telefônicas que tenham sido obtidas sem autorização previa de um juiz.
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