sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Armazéns fora de Luanda e cantinas só para nacionais



Fonte: Jornal de Angola - 9 de Janeiro, 2015

A ministra do Comércio anunciou ontem, em Luanda, que os operadores do comércio grossista têm, até 20 de Agosto, de deixar de comercializar com câmaras frigoríficas e armazéns no casco urbano de Luanda.


Rosa Pacavira, que anunciou a medida do Executivo durante uma reunião com os proprietários dos armazéns e câmaras frigoríficas instalados na zona urbana, informou que o distrito do Sambizanga (zona do Cine São Paulo, arredores do antigo mercado do Roque Santeiro e Ngola Kiluanje) é o primeiro local de onde, em colaboração com a Polícia Económica, são retiradas, de forma pacífica, todos os estabelecimentos comerciais grossistas.

“Se, no fim do prazo (20 de Agosto), os grossistas não retirarem os seus produtos dos armazéns e câmaras frigoríficas do centro da cidade, vamos fazê-lo de forma compulsiva”, alertou a ministra.
A partir de Fevereiro, as acções estendem-se na zona da Terra Nova (nas Pedrinhas), onde existem vários estabelecimentos privados no bairro Kifica, e reorganizam o Mercado do Trinta. “Retiramos todos os produtos nos armazéns da zona do Kifica, de proprietários chineses, e depositamos nas naves do centro de logística de Viana”, aclarou.    

Os operadores grossistas devem transferir os seus armazéns e câmaras frigoríficas para o Centro de Logística e Distribuição (CLOD) de Viana, onde existem condições apropriadas para operarem de forma organizada. “Queremos que os comerciantes instalem os seus produtos no centro de logística com áreas específicas para cada tipo de actividade, entre as quais espaços de comércio a grosso de frescos e outros bens”, disse a ministra.

Cantinas só para nacionais

A ministra do Comércio pediu aos responsáveis do grupo empresarial a investirem em lojas de proximidade no centro da cidade, onde vão poder desenvolver o comércio dos seus produtos a retalho. “Temos um projecto de construção de um edifício de seis andares no centro da cidade, onde pretendemos instalar lojas de proximidade e escritórios para os grupos empresariais interessados”, informou ontem a ministra Rosa Pacavira. 

O Ministério do Comércio realiza na segunda-feira em Luanda um seminário sobre quota de importação. Destinado aos operadores do comércio precário, a acção formativa visa retirar o domínio das cantinas por estrangeiros. 

A lei do comércio em Angola estabelece a actividade da venda a retalho como exclusiva aos cidadãos nacionais. Rosa Pacavira apelou para os operadores investirem na construção de uma cadeia de logística a retalho no centro da cidade, com vista a venderem os seus produtos. “Neste momento, o grupo Angoalissar está a criar a sua rede de lojas denominada AngoMart, enquanto o Mega monta os pequenos estabelecimentos comerciais Bem Me Quer”, indicou Rosa Pacavira.

A medida visa requalificar a actividade comercial na cidade de Luanda, com base numa parceria privada, instalando lojas em rés-do-chão, primeiro andar e, nos demais andares, escritórios e residências.
Quando os empresários estiverem organizados no Centro de Logística e Distribuição é possível garantir melhor qualidade ao consumo de produtos alimentares e melhorar o comércio no país. “No centro de logística estão instaladas 16 empresas, tais como o Continente, Macagrupo e o Jumbo. Queremos que todos se juntem a estas empresas no centro”, sublinhou. Além do Centro de Logística e Distribuição, estão identificados espaços na Barra do Kwanza e Icolo e Bengo, em colaboração com o Governo Provincial do Bengo. “No âmbito da reorganização do comércio formal e informal em Luanda, os centros abastecedores desempenham um papel preponderante para normalizar o comércio dos produtos”, salientou.

No CLOD estão instaladas câmaras frigoríficas para a conservação de produtos perecíveis como carne, peixe, verduras e outros produtos alimentares. Outras naves vão servir para a recepção, lavagem e calibragem de produtos, para os comerciantes os levarem para a cadeia de logística a retalho no centro da cidade de Luanda.
O CLOD possui 258 hectares, 40 dos quais concedidos a empresas privadas grossistas que operam no centro de Luanda. 

O CLOD beneficiou de um financiamento espanhol para a construção de câmaras frigoríficas, sob supervisão do Ministério do Comércio.  

A construção do centro de logística constitui o espaço intermédio entre os grossistas e os retalhistas dos grandes centros de consumo. Se os produtores e comerciantes de diversas províncias depositam os produtos no CLOD, os retalhistas adquirem nele os bens para serem comercializados nos grandes centros de consumo, como Luanda, Benguela, Huambo e Lubango. A primeira fase do CLOD de Luanda foi executada em 2009 e 2010 e visou a construção de quatro naves destinadas à conservação de produtos alimentares e diversos.
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