terça-feira, 4 de junho de 2013

Angola, governo ou desgoverno? Onde está a Oposição?



Fonte: Cículo Angolano Intelectual 



Em Angola é urgente  e necessário que a oposição se consolide, os partidos da oposição criem consensos, que incluam  as organizações da sociedade civil,  a comunidade científica e acadêmica, empresas privadas, para  constituírem uma alternância ao poder credível e respeitada por todos os angolanos, porque os dirigentes tendem invariavelmente a sucumbir a arbitrariedade, quando não existe contrapoder organizado capaz de opor-se aos seus excessos.

O deficit de competências é uma das causas da violação permanente dos direitos humanos em Angola, e como se sabe, os direitos humanos são condições indispensáveis para a implementação da justiça e da segurança pública numa sociedade democrática, por tudo isso o CAI volta a publicar este artigo para vossa análise e dos políticos da nossa praça.

Angola entrou na nova era do Pais pacificado com crescimento económico mas com um atraso considerável no tocante as competências.

A elite angolana contraiu hábitos de consumo do Ocidente, sem todavia assimilar as suas técnicas de produção; ela apreendeu os gostos dos ocidentais, sem contudo adquirir as suas competências, Angola urbanizou-se, sem industrializar-se; ela herdou a avidez capitalista, sem aprender a disciplina capitalista. 

Parafraseando o poeta britânico Alexander Pope:
Um pouco de capitalismo representa perigos;
Sugue profundamente ou não beba sequer uma gota


Da fonte ocidental. 

Angola não mergulhou tao profundamente na fonte do capitalismo, embora tenha estado a beber aos sorvos. Eis o porque desta trágica consequência: o reino da avidez subsiste sem o contraponto da eficiência.

O atual Governo angolano e o MPLA, Partido do Poder, permaneceram no poder e conquistaram a paz com meios de destruição bem consideráveis, comparativamente aos seus meios de produção. Angola permanece, amplamente dependente, de modelos externos e de fornecedores estrangeiros. Esta situação alterou totalmente as relações entre civis e militares, além de provocar uma dependência do regime a sua Elite Militar.

Em razão do deficit de competências técnicas, a militarização não alimentou a sua indústria civil. Não houve simbiose entre a defesa e o desenvolvimento. Em Angola não existe indústria de armamentos. O grande exército angolano importa, integral e não somente, os seus tanques e armas pesadas mas, inclusive, as suas metralhadoras e os seus cartuchos, pior que isso todos os uniformes são importados.

A militarização sem industrialização desestabilizou, simultaneamente, os sistemas económico e politico. O casamento do politico e do militar estabeleceu um problema; o divorcio entre a defesa e o desenvolvimento gerou outra contradição. O deficit de competências técnicas e enorme em todos os domínios onde reina o subdesenvolvimento politico, económico e técnico.

Esta situação representa particular prejuízo aos direitos humanos. A falência, das instituições liberais importadas do Ocidente, explica-se não somente pela origem estrangeira destas ultimas mas, igualmente, em razão da insuficiente incapacidade dos angolanos em organizarem partidos políticos disciplinados, empresas produtivas ou sindicatos eficazes.

Apôs o fim da guerra em Angola, as relações entre as modalidades de governo e as perspetivas de desenvolvimento económico variaram em função dos seguintes e correlatos fatores: a dimensão do sector publico, o papel do Estado, a eficácia dos poderes públicos, bem como a representatividade e a equidade (a legitimidade) do governo.

O primeiro fator diz respeito não somente a dimensão do corpo administrativo propriamente dito, mas, igualmente, aquela dos organismos para estatais. O segundo fator refere-se ao papel do Estado na economia, assim como a natureza das suas funções. O terceiro fator relaciona-se a competência dos funcionários, a eficácia, e também a maior ou menor racionalidade do comportamento nos poderes públicos. 
O quarto fator reporta-se ao caracter democrático e representativo do governo ou a ausência de democracia e de representatividade.

Os acordos iniciais de paz tiveram a tendência a aumentar as proporções dos organismos governamentais e administrativos, estamos a lembrar-nos dos Governados formados depois dos acordos de paz, além de ter ocorrido um “inchaço” nos efetivos da função publica e dos serviços paraestatais, com vista a assegurar o subtil equilíbrio exigido pela aritmética da representação dos opositores belicosos de sensibilidade face a necessidade de um equilíbrio de forças fez, inversamente, constituir um fator de desestabilização.

Do ponto de vista da eficácia da ação pública, um dos principais dilemas de Angola pós‑guerra concerne as relações entre a liberalização económica e a liberalização politica. Em alguns países, o pluralismo politico tendeu a desestabilizar a economia. Em Angola desde sempre com o MPLA no poder a abertura politica e o pluripartidarismo foram acompanhados por uma profunda anarquia económica.

Os governantes estavam submetidos a um verdadeiro dilema moral. O pluralismo politico corria o risco de provocar o declínio económico. Em ultima analise, a escolha era, por vezes, dolorosa: liberdade politica ou desenvolvimento económico, jamais as duas opções simultaneamente e isso nota-se atualmente.

Corremos o risco de presenciar, ao longo destes anos todos, a promoção do liberalismo económico, por parte das organizações externas, em detrimento do liberalismo politico?

Posteriormente, com a pacificação do País, a corrupção no exercício do poder politico, eventualmente, tomou a forma de uma privatização do Estado. Houve privatização em proveito de um partido, quando a despeito do principio da representatividade politica, um grupo apoiado no partido do poder monopolizou as iniciativas publicas ou deteve parte considerável destas ultimas, privatização em proveito de um pequeno grupo, quando um individuo e o seu mais estreito circulo familiar monopolizaram os recursos do Estado.

No domínio politico, os piores males que ameaçam Angola , do pós-guerra são a tirania, por um lado, e a anarquia, por outro. A tirania e o excesso de governo, a anarquia configura a insuficiência de governo.

A tendência a tirania traduz-se, com frequência, em uma centralização da violência; a tendência a anarquia foi essencialmente representada por uma descentralização da violência, atingindo o extremo de confrontar , uns contra os outros.

No domínio económico, os piores males que pairam sobre Angola são a dependência e o declínio. A dependência representa uma diminuição nas capacidades de autonomia; o declínio consiste em uma redução nas capacidades de desenvolvimento.

A má governação, em Angola, está ligada ao emaranhado formado pelos males políticos (tirania, anarquia,) e os males económicos (dependência, declínio e corrupção). Como sair disso? Falta‑nos desenvolver múltiplas competências, em meio a estas capacitações, devemos precisamente enfatizar aquelas que nos permitam resolver esta crise fundamental, relativa ao sistema de governo.

Os angolanos têm necessidade de ter instituições liberais para conciliar a estabilidade e a equidade. Entretanto, eles devem adquirir a capacidade de defender os seus direitos, inclusive contra os seus governos, e dotarem-se das organizações necessárias para travar este combate.

Os dirigentes tendem invariavelmente a sucumbir a arbitrariedade, quando não existe contrapoder organizado capaz de opor-se aos seus excessos. O deficit de competências é uma das causas da violação permanente dos direitos humanos em Angola.

Contudo, falta resolver imensos problemas. Todavia, a estabilidade e a equidade só estarão asseguradas quando os angolanos se revirem nas Instituições e num sistema político que garanta a alternância de poder e a liberdade.

Circulo, este é o nosso desafio!
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