Fonte: drowski3.blogspot.com
Dou início à este exercício mental com as palavras do velho ditado: “o sábio nunca faz exibição de grandeza própria, e por isso consegue ser grande. Se ao menos calásseis, tomar-vos-iam por sábios”.
Não
é minha intenção e jamais será, o questionamento da sabedoria incomparável,
inimitável e porque não dizer: a sabedoria insubstituível de Sua Excelência, o
arquiteto da paz, o Senhor Enginheiro, o avô José Eduardo dos Santos, Presidente
da República de Angola “oficialmente eleito”, que pela vasta e insuperável
experiência na sua (des)governação de quase 34 anos lhe compete o elevado grau
de sabedoria.
Se
ousarmos em fazer uma retrospectiva, efectuando buscas de memórias recentes
daquilo que o quadrante político angolano nos tem perspectivado, relembraremos
que à luz da Constituição atípica de 2010, há uma obrigatoriedade legal para
que a Sua Excelência José Eduardo dos Santos dirija-se à Nação Angolana e é
exactamente nesta vertente que nos tem agraciado com os seus maiores discursos
de todos os tempos.
É
de louvar que com certas pressões e imposições, Angola está a progredir, embora
engatinhadamente, para uma (des)governabilidade aberta e de ajustes de contas.
Querendo com isso dizer que embora tentando à todo custo esquivar-se como foi o
caso na última vez em que a Constituição o obrigava a falar à Nação, nota-se
uma certa abertura por parte de Sua Excelência.
Esquisitamente,
o avô, que todo mundo conhece como tímido e introvertido, tem se transformado
num homem que supostamente até já escreve ou dispensa os seus próprios
discursos elaborado e dá uns “freestyles” de momento exercitando a sua voz da
sabedoria.
Portanto,
em certas ocasiões de freestyles de momento, já fomos agraciados com um
discurso da fome que culpava o colono Salazar pela pobreza extrema em Angola
após mais de 30 anos de independência e comandava por um “diálogo com a
juventude” que até ao momento foi apenas os mesmos da JMPLA e do CNJ.
Ontem,
23 de Maio de 2013, o avô fez uma grande descoberta que sem pápas na língua
conseguiu exprimi-la em directo nos ecrãns da nossa Televisão Pública de Angola
a partir de Caxito, Bengo.
Esquisitamente
gesticulando, franzindo a testa de seriedade como se estivesse fazendo uma
análise extremamente profunda talvés com base às obras de “esferovites” feitas pela
Odebrecht, que trabalha em Angola já à 30 anos, o avô afirmou que pelo que pessolmente acabou por constatar, fez um
cálculo estimativo de que a Província do Bengo precisa de 1 bilião de dólares
americanos só para a construção de linhas rodoviárias.
Fantástico!
Brilhante! Plausível!
Aposto
que esta estimativa que alguns poderão defender ser “indiscutível”, inclui as
percentagens “gasosais” a serem extraídos e extraviados pela gama hierárquica
corruptível da governação à subordinação, endotrinados na crença de que “o
cabrito come onde lhe amarram”.
E
duma forma extraordinária, os órgão públicos de comunicação social sabem, talvés
por bajulação e intencionalmente, desinterpretar e desinformar o público com
manchetes do tipo: “Dar dinâmica ao Bengo”, “Vias de acesso ao Bengo serão reabilitadas”, “Deslocação
do Chefe de Estado ao Bengo permitirá maior dinâmica ao processo de
desenvolvimento” e outros títulos de enfeite baseados nos 1 bilião de dólares
americanos.
Será que
estes jornalistas e suas equipes não entenderam quando o avô afirmou que aquilo
era simplesmente uma estimativa que ao meu parecer é impírica?
Será que os
senhores e as senhoras jornalistas não se aperceberam que este ano o Bengo está
nas escuras e na seca diante do Orçamento Geral do Estado? Será que não
entenderam que com tais desinformações fizeram com que o pacato cidadão do
Bengo pensasse que os 1 bilião serão atribuidos já?
Será que
concumitantemente não entenderam quando o governador do Bengo, João Bernardo de
Miranda, apelou ao avô pela aprovação de um plano especial de desenvolvimento
para a província mas somente no Orçamento Geral do Estado de 2014? Onde sairá
os 1 bilião que de forma sensacionalista os jornalistas atribuiram à tal
dinâmica na Província do Bengo?
Estranhamente,
a grande descoberta estimática do avô, não me surpreendeu porque o que mais me
chocou foi a revelação de que a província do Bengo não consta no plano de
desenvolvimento do Orçamento Geral do Estado de 2013.
Mas
o que realmente o avô foi fazer numa província onde sabe que este ano não
disponibilizou nenhuma nota de Kwanza? Então distribui-se o dinheiro noutras
províncias e o Bengo é que alberga a tal de terceira reunião da Comissão Económica do Conselho de
Ministros?
O
avô não foi apenas um mão de vaca para o Bengo no OGE deste ano mas nesta única
viagem, enviabilizou de certa forma a economia da mesma e duma parte de Luanda
como forma de segurança máxima feita pelo seu exército, Unidade da Guarda
Presidencial (UGP).
Militares
da UGP foram distribuidos por tudo quanto é canto, alguns destacados nos municípios
dos Dembos, Quibaxe, Pango Aluquem e Bula Atumba onde algumas vias foram
interditadas.
Será
que o avô não percebe o efeito negativo deste exercício de segurança anormal para
com a economia e as vidas das pronvíncias e cidadãos que são obrigados à
abandonarem os seus planos por causa de Sua Excelência?
Que
país é esse e que futuro teremos quando uma província é excluida no plano
nacional de desenvolvimento do Orçamento Geral do Estado, enquanto na mesma
priorizamos em termos de fundos e mundos, a segurança de Sua Excelência com
muitos biliões de dólares?
Será
que o Bengo é a única província que foi excluida do Orçamento Geral do Estado
de 2013? O Manguxi deve estar a rolar no túmulo pelo abandono e destratamento condenável
que o Zecutivo está a prestar à sua terra natal.
Os
bons exemplos e conselhos são úteis e recomendáveis: enquanto estamos a
priorizar e investir biliões de dólares americanos na segurança de Sua
Excelência, o avô, países como a vizinha Namíbia, fazem da educação, a seguir o
sector da saúde, como os itens prioritários nos seu “State Budgets”.
Portanto,
repito e de forma clara e objectiva o velho ditado: “se ao menos calásseis, tomar-vos-iam
por sábios”.
Sem comentários:
Enviar um comentário