Fonte: Lusa
Luanda - O presidente do Bloco Democrático
(BD), Justino Pinto de Andrade, considerou que a entrevista de José Eduardo dos
Santos hoje à SIC visou "branquear os atos da governação" e que o
chefe de Estado angolano "tentou melhorar a imagem".
"No entanto, a montanha pariu um rato, apesar de
se perceber que não se tratou de uma entrevista mas de uma montagem mediática,
em que o jornalista não se coibiu de patentear a sua conivência com o
entrevistado, o que pressupõe que houve toda uma preparação dessa campanha de
imagem", acrescentou.
Para o BD, formação partidária herdeira da Frente para
a Democracia, José Eduardo dos Santos, ao abordar a reconciliação nacional,
"manteve-se nos parâmetros da paz militar", desvalorizando a
"permanente tensão a que estão sujeitas as forças da oposição".
Esta tensão, prosseguiu Justino Pinto de Andrade, é marcada por "intensa intolerância, incluindo assassínios políticos não investigados, a manipulação das forças da sociedade civil, a limitação das liberdades de expressão, a ausência de pluralismo, situações que retratam a condição de Partido-Estado a que o país está sujeito".
"Contrariamente ao que José Eduardo dos Santos afirmou, Angola não tem qualquer desenvolvimento. O mero crescimento económico que se observa no país não tem tido o devido reflexo na sociedade, pois acentua-se de facto o fosso entre ricos e pobres", disse.
Justino Pinto de Andrade adiantou que do "ponto de vista económico, Angola está refém da monoprodução petrolífera, contra a diversificação desejada, grassa o desperdício em obras públicas sem qualificação, não existe uma cadeia de sustentabilidade produtiva".
Angola, acusou o líder do BD, "não tem segurança alimentar, nem um sistema nacional de saúde, nem sequer consegue fornecer água e energia de forma regular aos cidadãos".
Sobre a sucessão de José Eduardo dos Santos, um tema que o BD antecipava "interessante", Justino Pinto de Andrade conclui que o Presidente angolano "não disse nada de útil".
"Na verdade, afirmou que a questão tem sido discutida no interior do seu partido e que se resolve com uma primeira manobra (as palavras são suas) que é a sucessão do presidente do seu partido, mas acrescentou que nunca pensou no que vai fazer depois de sair de Presidente. O que quer dizer, para bom entendedor, que nunca colocou a hipótese de vir a ser substituído no poder", acentuou.
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