domingo, 23 de junho de 2013

Íntegra do discurso do Presidente da UNITA, Isaías Samakuva, por ocasião do 41º aniversário da Liga da Mulher Angolana (LIMA)



Fonte: Unitatv Angola

REPÚBLICA DE ANGOLA

U N I T A
GABINETE DO PRESIDENTE

Discurso do Presidente Samakuva Por Ocasião do 41º Aniversário da
Liga da Mulher Angolana

Caros Compatriotas:

Minhas Amigas da Lima:

Há 41 anos, no Kutaho – Massivi, província do Moxico, no quadro da luta generalizada contra a opressão colonial, foi fundada a Liga da Mulher Angolana, a organização feminina da UNITA para congregar a mulher Angolana na luta pela libertação de Angola.

Dificilmente poderiam imaginar as mulheres idealistas e visionárias fundadoras da LIMA que, perto de meio século mais tarde, estaríamos a comemorar aqui em Saurimo, mais um aniversário da LIMA. Não mais um sonho, uma promessa, um desejo – mas antes uma realidade vigorosa e sólida, por meio da qual afirma-se sempre mais o ideal da cidadania feminina em Angola.

Como disse o Mais Velho Savimbi:

“A emancipação da mulher não deve ser uma dádiva dos homens mas sim a vossa conquista nas fileiras do combate.”

E conquista ela foi.

A mana Miraldina declarou com muito acerto que

“ durante a longa noite colonial a situação da mulher era percebida sob um ângulo de subalternidade em relação ao homem, (e que foi) esta situação de dominação e subalternização que explica a razão da criação da Liga da Mulher Angolana”

Desde a sua fundação, em 18 de Junho de 1972, como acentuou com justiça a mana Miraldina, não faltaram heroínas e mártires na gloriosa história da Lima. A todas elas, e àquelas cujos actos heroicos a história não registou, peço que façamos agora um minuto de silêncio para homenageá-las.

A LIMA lutou sempre pelo reconhecimento da cidadania feminina para todas as mulheres angolanas, mas é preciso reconhecer que lutou também pela afirmação dessa cidadania dentro da UNITA.

Hoje é impossível conceber a UNITA sem a LIMA, assim é impossível conceber Angola, sem a presença activa, dedicada e competente da mulher angolana.

Nem se imagine que esta conquista da cidadania foi fácil. Além da resistência aposta por valores, costumes e preconceitos, a LIMA teve que se medir contra poderosas condições sociais, econômicas e políticas que impediam (e ainda impedem) a plena conquista da cidadania pela mulher angolana.

Em Angola, como nos demais países do mundo, esta conquista, que se impõe desde o final do século XIX até os nossos dias, precisa superar o obstáculo do que se convencionou chamar de “dupla jornada de trabalho”, mas que eu chamaria de “múltipla jornada de trabalho”.

Diferentemente do homem que pode dedicar-se integralmente à política, a mulher precisa equilibrar sua participação cidadã, com outras funções que lhe são intransferíveis.

Mãe, esposa, dona de casa, educadora, em muitos casos chefe de família, em outros tantos, única fonte de recursos para sustentar os seus filhos e proteger a família, sua trajectória rumo à plena cidadania e à participação política é incomparavelmente mais difícil e sacrificada que a trajetória percorrida pelos homens.

Além dessa rede de dificuldades há que se considerar ainda as dificuldades para estudar, desenvolver uma atividade profissional regular, participar de organizações políticas e sociais, sem deixar de cumprir com aquelas funções mais tradicionais, ligadas à família, e que são indispensáveis para a criação dos filhos – os futuros cidadãos - e a proteção, quando não preservação da unidade familiar.

A presença activa e corajosa da LIMA se faz sentir em todos os sectores da vida dos angolanos. Não se limita apenas a tratar dos graves problemas que atingem a mulher no nosso país. Ela está presente na luta pelos direitos humanos, pela conquista “palmo a palmo” da verdadeira democracia que se constitui no principal desafio da UNITA.

É esse reconhecimento que vimos prestar às valorosas companheiras da LIMA que, com legítimo e justificado orgulho, festejam mais um aniversário.

É também muito significativo e muito próprio da LIMA que, a comemoração do seu 41º. Aniversário seja marcada pelo trabalho e não por festejos. A realização deste acampamento nesta data é a mais forte evidência de que o braço feminino da UNITA não perde de vista a sua responsabilidade social e política para com Angola.

O acampamento é uma oportunidade única para proceder à troca de experiências entre os membros da LIMA das Províncias da Lunda Norte, Lunda Sul e Moxico.

Na minha qualidade de Presidente da UNITA, trago às manas da LIMA a saudação e os votos de continuado sucesso do nosso Partido.

Também a UNITA tem sobrados motivos para orgulhar-se dos resultados que, apesar dos obstáculos e dificuldades que enfrentamos, temos conquistado e cujo reconhecimento pude constatar nos contactos que mantive nessa recente digressão ao exterior. Na realidade, durante a digressão aos Países da Europa e aos Estados Unidos, pude verificar que o trabalho que a LIMA tem levado a cabo no quadro da luta pela democracia, goza de um elevado reconhecimento dos angolanos na Diáspora e de estrangeiros que acompanham de perto a luta da UNITA.

Falo às manas e manos de um partido que não perdeu sua alma; de um partido que amadureceu na luta democrática; que se constrói diariamente pelo contributo pessoal de cada um dos seus membros; que se moderniza para poder modernizar Angola; que vive internamente a democracia que quer para seu país; que permanece unido na devoção pelas suas origens, pelos seus valores e princípios morais e políticos.

Madura, moderna, democrática, unida, a UNITA tem mostrado aos angolanos e ao mundo que o impossível é possível. Nossas conquistas, na construção de uma verdadeira democracia em Angola, não são apenas nossas. São de todos os angolanos, porque a UNITA luta por todos os angolanos, a UNITA encarna a alma, o sentimento e as aspirações da cidadania angolana. A UNITA defende os interesses de todos os angolanos.

Por isso dizemos:
“Primeiro o angolano....Segundo, o angolano, Terceiro o angolano!....O angolano...sempre!”

Meus amigos

O nosso país atravessa momentos preocupantes, tanto do ponto de vista político como social. Somos todos testemunhas das violações dos direitos humanos pelo Governo. O direito à integridade física está consagrado na Constituição. Ninguém deve bater em ninguém. Ninguém deve ferir nem maltratar ninguém. E as mulheres estão a ser batidas. Estão a ser feridas e maltratadas pela própria polícia que as devia proteger.
O direito à integridade física dos cidadãos está a ser violado pelo próprio Governo que o devia proteger.
O direito à manifestação pacífica está a ser violado, pelo próprio Governo, que o devia proteger e garantir.
Quando um governo viola os direitos humanos, na dimensão em que isso acontece em Angola, ele perde a legitimidade para governar.

Quando um governo, agride o seu próprio povo, ele torna-se inimigo da paz, inimigo da liberdade e da democracia.

Este governo não serve deve ser mudado!

Tal como em 1972, a luta da mulher angolana hoje, é a luta contra a opressão. A luta contra a violação dos direitos humanos. A luta contra a ditadura!

A mulher angolana já conquistou alguns direitos, mas precisa de continuar a luta para conquistar outros direitos. Temos de lutar por novas conquistas.

E esta luta são as manifestações pacíficas. Temos de continuar a nos manifestar. Manifestar contra a violência. Manifestar contra as prisões arbitrárias. Manifestar pela paz, pelo respeito pelos direitos humanos. Manifestar pela liberdade e pela democracia.

Democracia significa igualdade. Democracia significa respeito pela dignidade da mulher. Respeito pelas manifestações da mulher.

Não se deixem enganar! Os ditadores são fingidos e tentam parecer ovelhas. Afinal comportam-se como lobos com pele de ovelha. Na Lunda Norte, oprimem as mulheres e em Luanda fingem que querem escutar e resolver os problemas dos jovens.

Quem age em sinceridade, quem respeita os direitos humanos, não finge! Age com sinceridade. Não manda bater nem manda prender, nem manda matar!

Não se pode amar o povo em Luanda, e agredi-lo na Lunda Norte. Não se pode fingir que se ama o filho, enquanto se agride a mãe dos filhos!

A mulher é a nossa mãe. Não há Angola sem a mulher angolana. Ninguém pode governar Angola e maltratar a mulher angolana, ao ponto de a mulher ter de se manifestar nas ruas!!

Não podemos tolerar este abuso!

Em nome da UNITA,
Em nome de todos os homens de boa vontade,
Em nome de todas as mulheres angolanas,
Em meu nome pessoal,

Exprimo desta tribuna o nosso mais vivo repúdio aos actos de violência, aos actos bárbaros de violação dos direitos humanos na Lunda Norte e em toda Angola!

Exigimos que o senhor Presidente da República, que prometeu agir como presidente de todos os angolanos, venha a público repudiar claramente os actos de violência e de violação dos direitos humanos, manifestar a sua solidariedade para com as vítimas desta violência que grassa o nosso país e sobretudo tomar medidas convincentes para acabar com esta prática. Não se pode dizer que se está a investigar actos de violência quando toda gente sabe que nada se está a fazer. Os discurso já não nos convencem, queremos ver actos, queremos ver acções.

Queremos ver a Assembleia Nacional a investigar estes abusos, que sejam identificados os violadores dos direitos humanos, que sejam conhecidos publicamente e que as suas conclusões sirvam para acabar com a violência.

A vida humana é mais valiosa do que uma pedra de diamante! Não se perdem vidas humanas para se protegerem pedras sem vida!

Primeiro devemos proteger as vidas. Proteger as vidas humanas é dotar o país de condições que permitam que o nosso jovem vá à escola e tenha uma educação de qualidade, é permitir que o cidadão angolano tenha condições para uma vida melhor e possa usufruir das riquezas do nosso país.

Antes de terminar a minha intervenção, gostaria, aqui e hoje agradecer a população da Lunda Sul pelo apoio que deu à UNITA nas eleições do ano passado. Nós passámos aqui na altura da campanha e encontrámos apoio muito forte da população da Lunda Sul. Mesmo se os resultados que nos foram transmitidos não foram positivos, nós sabemos que os resultados reais foram positivos, sabemos disso e creio que todos sabem que na Lunda Sul a UNITA teve um resultado bastante positivo.

Esta é a primeira vez que passamos aqui, depois das eleições e não queremos sair daqui sem agradecer as populações da Lunda Sul pelo apoio que nos deu.

Nós queremos dizer que as fraudes vão acabar, o tempo das fraudes vai acabar. Por isso mesmo, não fiquemos desesperados. Eu fui interpelado por jovens que me perguntaram se isso fica assim. Não fica assim, não ficou assim. Nós ainda continuamos à espera dos resultados dos processos que foram aos tribunais. Naturalmente, se esses processos também forem fraudados, nós estaremos lá para dizer que não aceitamos enganos. A lei é clara e nós queremos esperar que os senhores Magistrados também cumpram a lei. Não desesperemos, vamos continuar a trabalhar, o mundo não pára, o país não pára e daqui há bocado nós temos ter eleições autárquicas e depois teremos mais eleições e com o nosso trabalho o dia da vitória chegará.

Companheiros!

Eu quero vos garantir o que acabei de dizer, porque também não estamos sozinhos. Há muitos que muitas vezes nos perguntam, mas afinal a Comunidade Internacional está aonde? Como acabei de dizer nós visitámos vários países da Europa, visitámos também os Estados Unidos, estão a acompanhar de perto o que se passa aqui, sabem o que se passa aqui, também estão a ficar cansados.

Portanto não estamos sozinhos, isso fique bem nos nossos corações.

Este mesmo entusiasmo, esta motivação que encontramos aqui, este ambiente festa continuem.
Não aceitemos provocações, não aceitemos provocações de ninguém, os filmes que estamos a ver agora já os vimos no passado, eles provocam e depois querem se fazer de vítimas para tentar conseguir apoio do povo para maltratarem o povo.

Não aceitemos!

O nosso caminho está claro, o nosso objectivo também está claro. Nós já vimos o sofrimento da guerra, ninguém mais quer a guerra. Aquele que nos provoca, fique claro, ele é que é provocador, ele é que quer a guerra, ele é que fez sempre a guerra.

Nós, vamos falar sempre da paz, a força do povo vai, um dia que não está muito distante, tirá-los do poder, eu estou convencido.

Mais uma vez para a nossa juventude cheia de energia, trabalhemos, porque quando nós fizermos a mudança todos teremos possibilidade de ir às escolas, todos teremos acesso à educação de qualidade. Eu ouvi a canção que as mamãs cantaram aqui, nos hospitais não haverá apenas receitas, vai haver também medicamentos. Os empregos não serão apenas para os filhos deles e para os seus sobrinhos, serão para toda gente, a habitação, a água potável, disseram-me que aqui mesmo no Chisahinga onde nós estamos não há água e um tambor de água custa 400 Kwanzas. Para quem não trabalha, não tem emprego 400 Kwanzas saem aonde para comprar água para beber? Quando a mudança acontecer a água será para todos, será para todos na prática, não será para todos só na teoria.
Continuemos a trabalhar com força e esperança.
Eu termino agradecendo a vossa presença.
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