domingo, 19 de maio de 2013

O Waldemar Bastos e a internacionalização da música de Angola



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Fonte: Morro da Maianga/Reginaldo Silva

Quando ouvimos falar da internacionalização da música angolana, normalmente somos confrontados com notícias relacionadas com a realização de espectáculos além fronteiras, com destaque para Lisboa e pouco mais, protagonizados por numerosas caravanas artísticas saídas do país e custeadas pelo erário público a cem por cento.

No meu modesto entender, este tipo de movimentação tem pouco a ver com alguma estratégia mais consistente de exportação da música angolana, uma vez que as tais caravanas não têm como destino a sua participação em festivais internacionais dignos desse nome ou noutras iniciativas menos colectivas/individualizadas que se integrem nos circuitos mais conhecidos do show business/world music.

Para já a política oficial de exportação da música angolana, se de facto se pode falar disto a rigor, tem sobretudo a ver com o atendimento das necessidades culturais das comunidades angolanas residentes no exterior, no âmbito de uma estratégia política do próprio Governo. Mais política do que cultural, ressalte-se.
Digamos que estamos diante de uma internacionalização para dentro, tendo em conta que os consumidores que assistem aos shows desses “projectos”, são na sua esmagadora maioria angolanos da primeira ou da segunda geração.

Não se verifica por isso uma verdadeira exportação do produto musical angolano para o mercado internacional da especialidade, uma vez que  por essa via, a das caravanas, são residuais os consumidores estrangeiros que compram a nossa marca, não havendo em termos de retorno uma grande mais valia para a promoção desta arte além fronteiras.

Esta semana e depois de ter visto uma entrevista bem ilustrada com cerca de 30 minutos, que Waldemar Bastos (WB) concedeu ao canal de televisão portuguesa, TVI, voltei a matutar no tema da internacionalização da música angolana.

Ao que julgo saber, a entrevista de Waldemar Bastos ao referido canal ficou a dever-se ao recente prémio atribuído ao compositor angolano cuja veia foi reconhecida por um reputado júri internacional, com a atribuição do galardão de “2º melhor compositor do mundo”, uma referência que terá deixado boquiabertos/irritados algumas vozes/sensibilidades locais que não afinam muito com o cantor angolano, por razões ligadas mais aos bastidores do que propriamente aos palcos.

Numa outra vertente, isto é, com motivações diferentes, ouvi alguém manifestar-se contra a existência de um suposto exagero na avaliação planetária feita ao músico angolano.

Em abono da verdade o muito nosso Waldemar Bastos de acordo com o que li algures, passo a citar, “ficou em 2º lugar na categoria World do International Songwritting Competition, com a canção «Sofrimentos», do álbum «Pretaluz» (1997). O júri do International Songwritting Competition foi constituído por um painel de 40 músicos, entre os quais Tom Waits, Jeff Beck, Robert Smith, Anoushka Shankar, McCoy Tyner, Alejandro Sanz, Suzanne Vega e Bill Evans, e 22 personalidades da indústria discográfica, como Angel Carrasco, Monte Lipman, Alison Donald, Bruce Iglauer e Leib Ostrow”
Sem qualquer apoio de “quem de direito”, o WB tem feito mais pela promoção da música angolana a nível global do que muitos e muitos milhões do erário público que já foram gastos com as famosas caravanas artísticas que todos os anos se deslocam ao estrangeiro.

Desconfio que o WB não entra nas contas dos gestores do erário público para a cultura, porque ele quer ser apenas músico angolano a tempo inteiro e não porta-voz de ninguém, seja de quem for.
Desconfio, porque todos quantos acompanhamos a sua carreia desde que decidiu “bazar”, sabemos que WB depois de já ter sido “persona non grata”, hoje ainda não foi devidamente “enquadrado” por razões estranhas à musica/cultura.

Razões difíceis de assumir por quem, nos bastidores, faz o teatro acontecer, com todos os conhecidos e avultados recursos financeiros públicos que se conhecem e que hoje se trocam por outros favores como a fidelidade dos artistas à causa dominante.

Não é a primeira vez que  Waldemar Bastos recebe distinções no estrangeiro, onde ele será hoje, sem medo de errar, um dos raríssimos angolanos, que faz realmente música angolana, a integrar os circuitos internacionais da World Music.

O WB já tem direito à cartaz e a um publico cada vez mais fiel e que se vai expandindo em número e em qualidade à medida que os anos passam e a sua música vai ficando cada vez mais madura e a altura das exigências do mercado internacional.

Com esta expansão é a musica angolana que de facto se está a internacionalizar no real sentido que este conceito implica para quem quer exportar sons e tons da nossa terra.

Ignorar o trabalho que por sua conta e risco, o WB tem feito no mercado internacional no que toca à promoção da música angolana, não nos parece que seja a melhor política para quem tem responsabilidades públicas neste sector.

Quando ouvimos falar da internacionalização da música angolana, normalmente somos confrontados com notícias relacionadas com a realização de espectáculos além fronteiras, com destaque para Lisboa e pouco mais, protagonizados por numerosas caravanas artísticas saídas do país e custeadas pelo erário público a cem por cento.

No meu modesto entender, este tipo de movimentação tem pouco a ver com alguma estratégia mais consistente de exportação da música angolana, uma vez que as tais caravanas não têm como destino a sua participação em festivais internacionais dignos desse nome ou noutras iniciativas menos colectivas/individualizadas que se integrem nos circuitos mais conhecidos do show business/world music.

Para já a política oficial de exportação da música angolana, se de facto se pode falar disto a rigor, tem sobretudo a ver com o atendimento das necessidades culturais das comunidades angolanas residentes no exterior, no âmbito de uma estratégia política do próprio Governo. Mais política do que cultural, ressalte-se.
Digamos que estamos diante de uma internacionalização para dentro, tendo em conta que os consumidores que assistem aos shows desses “projectos”, são na sua esmagadora maioria angolanos da primeira ou da segunda geração.

Não se verifica por isso uma verdadeira exportação do produto musical angolano para o mercado internacional da especialidade, uma vez que  por essa via, a das caravanas, são residuais os consumidores estrangeiros que compram a nossa marca, não havendo em termos de retorno uma grande mais valia para a promoção desta arte além fronteiras.

Esta semana e depois de ter visto uma entrevista bem ilustrada com cerca de 30 minutos, que Waldemar Bastos (WB) concedeu ao canal de televisão portuguesa, TVI, voltei a matutar no tema da internacionalização da música angolana.

Ao que julgo saber, a entrevista de Waldemar Bastos ao referido canal ficou a dever-se ao recente prémio atribuído ao compositor angolano cuja veia foi reconhecida por um reputado júri internacional, com a atribuição do galardão de “2º melhor compositor do mundo”, uma referência que terá deixado boquiabertos/irritados algumas vozes/sensibilidades locais que não afinam muito com o cantor angolano, por razões ligadas mais aos bastidores do que propriamente aos palcos.

Numa outra vertente, isto é, com motivações diferentes, ouvi alguém manifestar-se contra a existência de um suposto exagero na avaliação planetária feita ao músico angolano.

Em abono da verdade o muito nosso Waldemar Bastos de acordo com o que li algures, passo a citar, “ficou em 2º lugar na categoria World do International Songwritting Competition, com a canção «Sofrimentos», do álbum «Pretaluz» (1997). O júri do International Songwritting Competition foi constituído por um painel de 40 músicos, entre os quais Tom Waits, Jeff Beck, Robert Smith, Anoushka Shankar, McCoy Tyner, Alejandro Sanz, Suzanne Vega e Bill Evans, e 22 personalidades da indústria discográfica, como Angel Carrasco, Monte Lipman, Alison Donald, Bruce Iglauer e Leib Ostrow”
Sem qualquer apoio de “quem de direito”, o WB tem feito mais pela promoção da música angolana a nível global do que muitos e muitos milhões do erário público que já foram gastos com as famosas caravanas artísticas que todos os anos se deslocam ao estrangeiro.

Desconfio que o WB não entra nas contas dos gestores do erário público para a cultura, porque ele quer ser apenas músico angolano a tempo inteiro e não porta-voz de ninguém, seja de quem for.
Desconfio, porque todos quantos acompanhamos a sua carreia desde que decidiu “bazar”, sabemos que WB depois de já ter sido “persona non grata”, hoje ainda não foi devidamente “enquadrado” por razões estranhas à musica/cultura.

Razões difíceis de assumir por quem, nos bastidores, faz o teatro acontecer, com todos os conhecidos e avultados recursos financeiros públicos que se conhecem e que hoje se trocam por outros favores como a fidelidade dos artistas à causa dominante.

Não é a primeira vez que  Waldemar Bastos recebe distinções no estrangeiro, onde ele será hoje, sem medo de errar, um dos raríssimos angolanos, que faz realmente música angolana, a integrar os circuitos internacionais da World Music.

O WB já tem direito à cartaz e a um publico cada vez mais fiel e que se vai expandindo em número e em qualidade à medida que os anos passam e a sua música vai ficando cada vez mais madura e a altura das exigências do mercado internacional.

Com esta expansão é a musica angolana que de facto se está a internacionalizar no real sentido que este conceito implica para quem quer exportar sons e tons da nossa terra.

Ignorar o trabalho que por sua conta e risco, o WB tem feito no mercado internacional no que toca à promoção da música angolana, não nos parece que seja a melhor política para quem tem responsabilidades públicas neste sector.

NA- Texto publicado no semanário “O PAÍS”/Revista Vida/Secos e Molhados/17-05-1
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